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A mostrar mensagens de janeiro, 2017
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  A Ataraxia do Céu   Sento-me e olho para o céu que ainda há pouco contemplava na rua. Preciso de ter as persianas abertas. Preciso de ver esse lugar cristalino e luminoso lá em cima...   Caminhava como sempre caminho. Deslocava-me com um passo decidido e via a cor negra do alcatrão que pisava. Via essa cor até que decidi olhar para o céu e o que vi tomou conta de mim.    Um céu lindo e maravilhoso absorveu-me. Não era um céu digno das lentes dos que buscam a fama imediata, mas, sim, um céu que só a mim me falava. Um azul forte - mas não propriamente escuro - predominava, mas o céu tinha ainda nuances de violeta, cor-de-rosa e amarelo. Um céu que me transmitia a clareza, a beleza e o mistério de tudo. Um céu que me enchia. Que me preenchia. Que me foi. Que me é.    Algumas nuvens dissipavam-se e formavam, todas juntas, um fio, um risco bem grande de uma só cor. Podia ser cor-de-rosa, roxo ou aquele amarelo que caminhava a largos passos para o branco. Não interessa... O que me
  Os dias sucedem-se e as horas passam. Estou em casa, mas não sei bem se sei onde estou. Estou aqui e é como se não quisesse estar depois de tantas vezes ter desejado voltar para cá...  Não sei se sou o nevoeiro das manhãs que vai pairando por onde lhe apetece... Não me parece, mas gosto de pensar nesta transfiguração.    Saio finalmente destas quatro paredes que me sufocam. Saio e digo a mim mesma que é altura de me esquecer. É altura de sair daqui, mas a saída vai demorar pouco tempo. Mais uma saída fugaz. Apenas uma saída que nada me diz, em que nada sou a não ser eu própria, em que continuo a recordar o peso das minhas convicções sobre mim mesma. Gosto de quem sou - como se fosse possível saber quem é que somos -, mas odeio a forma como tenho de ser. Como me obrigam a ser. Sou massacrada e oprimida por uma sociedade que não me compreende. Saio de casa, vou a festas, maquilho-me, visto-me e todos pensam que tenho liberdade. Todos se esquecem que uma mulher não tem liberdade.